A história recente do Brasil apresenta uma série de eventos complexos que culminaram na abertura política e transição democrática. Esta jornada emblemática teve início em meados dos anos 1980 e foi construída por meio de diversos encontros, debates e crises. A presente análise pretende destacar os principais marcos desse processo, evidenciando as suas etapas e personagens fundamentais.
O Brasil vivia sob o regime militar desde 1964, após um golpe apoiado por setores empresariais e militares. Este período ficou marcado pela perseguição política, censura e repressão aos opositores do regime, bem como pelo fortalecimento de um sistema autoritário que concentrou poder nas mãos dos militares. Porém, nas décadas seguintes, a sociedade brasileira começou a se manifestar contra as restrições políticas e exigir mudanças.
O papel dos movimentos sociais durante a abertura política foi crucial para impulsionar o processo de redemocratização. Os sindicatos, em especial, tiveram um papel estratégico ao organizar manifestações populares que questionaram a legitimidade do governo militar. Entre as mais notáveis estavam as mobilizações realizadas pelo movimento das Diretas Já, que convocaram a população a participar de atos públicos em defesa de eleições diretas para presidente.
O apoio internacional também contribuiu para o processo de abertura política. Organizações internacionais, como a ONU e a OEA, exerceram pressão sobre o governo brasileiro no sentido de condenar as violações aos direitos humanos ocorridas durante o regime militar. Além disso, em 1979 a aprovação da Lei da Anistia colaborou para a liberação de alguns presos políticos e retorno de exilados.
A cryise econômica vivida pelo Brasil nos anos 1980 foi o gatilho definitivo necessário para romper com o regime militar. A inflação crescente e a falta de perspectivas levaram muitos setores da sociedade e do próprio governo a defenderem uma transição política intencional que redirecionasse o país rumo à democracia.
O movimento das Diretas Já atingiu seu ápice em 1984, quando milhares de pessoas foram às ruas exigir eleições diretas para presidente. No entanto, a Emenda Dante de Oliveira, que propunha a realização deste pleito, não obteve votos suficientes no Congresso Nacional para ser aprovada. Tal fato gerou grande insatisfação popular, mas manteve acesa a chama pela busca da democracia.
Diante do fracasso das Diretas Já, a escolha presidencial ocorreria através do Colégio Eleitoral. A disputa foi protagonizada por dois candidatos que representavam propostas antagônicas: Paulo Maluf, apoiado pelos setores conservadores e militares, e Tancredo Neves, que tinha o apoio da Frente Liberal (dissidentes do PDS) e de outros partidos de oposição ao governo.
O resultado dessa eleição, realizada em 1985, trouxe a vitória para Tancrede Neves, personificação da esperança da população na mudança política. No entanto, sua morte antes da posse abriu caminho para seu vice, José Sarney, assumir a presidência - marcando assim a transição efetiva para um governo civil.
Ao longo dos anos seguintes, verificou-se uma série de avanços e desafios no processo de consolidação democrática brasileira. Entre eles, podemos destacar:
Contudo, é válido mencionar que ainda existem questões pendentes, como a desigualdade social e a necessidade de reformas políticas que renovem as práticas vigentes.
A experiência passada de luta pela democracia ainda ressoa na atualidade. Dessa forma, é possível perceber o anseio constante em busca de maior controle social sobre as decisões governamentais, seja por meio de manifestações populares ou do empoderamento do voto como instrumento de participação política. Ao olhar para este legado histórico, compreende-se melhor o quanto a abertura política brasileira é um processo inacabável que continua a se fortalecer com o tempo.