O processo de independência do Brasil foi um marco importante na história do país, que se desenrolou entre os anos 1821 e 1824. A data mais conhecida pela população é o dia 7 de setembro de 1822, no qual ocorreu o chamado "Grito do Ipiranga", momento em que Dom Pedro declarou a independência do Brasil em relação à Portugal. No entanto, este evento foi apenas um dos muitos acontecimentos que culminaram na separação política e administrativa do Brasil como colônia portuguesa.
Compreender o contexto histórico e as instituições estabelecidas após a independência do Brasil permite traçar uma análise completa deste período tão significativo para a formação da identidade nacional brasileira. Este artigo abordará alguns dos principais eventos que antecederam e sucederam o Grito do Ipiranga, destacando o desenvolvimento das instituições políticas e sociais brasileiras pós-independência.
O período anterior à proclamação da independência foi marcado por conflitos políticos e diversas transformações internas e externas ao Brasil. O reino de Portugal havia sido invadido pelas tropas napoleônicas, obrigando a Família Real Portuguesa a se transferir temporariamente para o Brasil em 1808. Com isso, o país passou por um rápido processo de modernização e ganhou maior autonomia econômica e política.
As tensões entre os interesses portugueses e brasileiros cresceram ao longo dos anos, especialmente após a Revolução Liberal do Porto em 1820, que exigia o retorno de Dom João VI à Portugal e propunha medidas para restringir a autonomia obtida pelo Brasil. Foi neste contexto que surgiu um forte movimento pela independência, que pressionou os rumos da política nacional.
No dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, na atual cidade de São Paulo, Dom Pedro declarou a independência do Brasil perante algumas pessoas que o acompanhavam. A notícia se espalhou rapidamente pelo país, gerando uma série de eventos que consolidariam a independência nas próximas semanas.
Ainda no mês de setembro, tropas portuguesas estacionadas na Bahia começaram a enfrentar as crescentes insurreições contrárias ao domínio lusitano. Entretanto, somente em julho de 1823 foram expulsas do território bahiano, encerrando a presença militar portuguesa no Brasil.
A partir da declaração de independência, o Brasil iniciou a construção de suas próprias instituições políticas e administrativas, adotando um governo monárquico unificado sob o comando de Dom Pedro I, que foi coroado Imperador do Brasil em dezembro de 1822.
Em maio de 1823 foi convocada a Assembleia Constituinte, responsável pela elaboração da Carta Magna que regeria o país. Os debates e disputas políticas tomaram a maior parte do ano e, após um período tumultuado, a primeira Constituição brasileira foi outorgada por Dom Pedro I em 25 de março de 1824.
Era uma Constituição marcada pelo poder centralizado nas mãos do Imperador, que acumulava funções executativas, legislativas e até mesmo judiciárias. O sistema eleitoral adotado era o indireto e censitário, limitando a participação popular no processo eleitoral.
Abrir espaço para as províncias mais distantes na esfera política nacional também contribuiu para um relativo desenvolvimento regional. A independência permitiu uma redistribuição dos recursos internamente, gerando condições necessárias para impulsionar a economia local e estimular o crescimento populacional e territorial do país.
No entanto, é fundamental frisar que esse contexto não modificou significativamente a estrutura social rígida e hierárquica existente antes da independência. A escravidão, muito presente na época, só viria a ser abolida mais de seis décadas depois, em 1888, e as populações indígenas continuavam a sofrer constante violência e descaso por parte do Estado.
Ao analisarmos o processo de independência do Brasil, fica evidente que este não foi um evento isolado. Pelo contrário, a independência manifestou-se como resultado de disputas internacionais e eventos políticos que percorreram todo o período colonial implícito.
O Grito do Ipiranga em 7 de setembro de 1822 é lembrado até hoje como um marco na história brasileira e símbolo da ruptura política entre Brasil e Portugal. No entanto, as lutas e transformações que se seguiram à proclamação, particularmente no estabelecimento das instituições políticas e sociais brasileiras, são igualmente importantes e fundamentais para compreender a construção do país pós-independência.