No início do século XVI, enfrentavam-se as principais potências marítimas europeias em busca de novas terras para explorar. Dentro desse contexto expansivo é que a costa brasileira foi descoberta pelos portugueses, dando origem ao processo de colonização. A partir disso, iniciou-se a exploração do Pau-Brasil, marcando profundamente a história do país.
A chegada dos primeiros navios portugueses trouxe consigo uma das maiores práticas comerciais da época: a exploração do Pau-Brasil (também conhecido como \_Caesalpinia echinata\_), uma árvore com tronco avermelhado e madeira abundante na faixa litorânea do atual território brasileiro.
O interesse por esta madeira estava diretamente ligado à sua importância capital na indústria têxtil europeia. O extrativismo vegetal desta madeira possibilitava a obtenção de uma brilhante cor vermelha nos tecidos - um pigmento muito valioso denominado brasileína. Isso despertou a cobiça de outras nações envolvidas nas rotas marítimas, tornando-se o principal motivo de disputa entre Portugal e França na costa brasileira.
Em razão da riqueza econômica proporcionada pela exploração do Pau-Brasil, os colonizadores portugueses viram a necessidade de estabelecer regras comerciais para impedir que tal industrialização fosse controlada por outros domínios. Nesse sentido, foi instituído no país o monopólio comercial desta madeira, bem como o pagamento de impostos e taxas referentes ao seu transporte e exportação.
Ao perceberem que também seria viável ocupar definitivamente a nova terra descoberta, criaram-se as capitanias hereditárias – grandes extensões de terra divididas com o intuito de serem exploradas e povoáveis. Cada uma delas estava subordinada ao Reino de Portugal, mas sua administração era dada a um capitão-donatário, que arcaria com os custos do povoamento em troca dos lucros proporcionados pela exploração do Pau-Brasil.
Foi a partir da criação das feitorias, bases comerciais costeiras, que ocorreu o armazenamento provisório da mercadoria (madeira), oriunda do extrativismo vegetal, antes de seguir para exportação na Europa. Os responsáveis pela extração inicial da madeira eram os próprios indígenas locais que, em muitos casos, trabalhavam em troca de espelhos, tecidos e ferramentas metálicas oferecidas pelos colonizadores.
Essa relação inicial com os indígenas, apesar de vantajosa para os colonizadores, ocasionou a exploração e subjugação dos povos nativos. Inúmeros conflitos entre tribos indígenas e europeus ocorreram em razão da demanda crescente por mão de obra no comércio do Pau-Brasil.
A partir do final do século XVI e início do XVII, a atividade econômica do extrativismo do Pau-Brasil começou a apresentar sinais de esgotamento. Fatores como desmatamentos acelerados, diminuição do território disponível para extração e até mesmo a descoberta de outros corantes naturais menos custosos foram determinantes para o enfraquecimento dessa lucrativa prática comercial.
Neste momento, é que surge a vocação açucareira - atraída pelos solos férteis das regiões canavieiras, incentivando-se assim a implantação da monocultura de cana-de-açúcar. Novamente, a Coroa portuguesa buscava uma nova matriz econômica para manter-se hegemônica nas terras brasileiras.
O período de colonização em terras brasileiras foi marcado por uma profunda interação entre dois elementos essenciais à construção da identidade nacional: a presença indígena e a exploração do Pau-Brasil. Esta atividade econômica inicial teve um papel central no processo de ocupação do país e influenciou consideravelmente a configuração sócio-política desenvolvida posteriormente.
Os impactos ambientais do desmatamento irresponsável naquela época também devem ser lembrados, assim como a luta pela preservação dos recursos naturais que determinaram tanto a história do Brasil quanto a posição global do mesmo no contexto ecológico atual.